Da BBC Brasil
As conclusões dos cientistas foram publicadas da revista de ciência Nature.
"Nós definimos o ponto da evolução em que teve início a fertilização interna nos animais", afirma John Long, acadêmico da Flinder University, da Austrália, de um dos principais autores do estudo
Apêndice em 'L'
Fósseis do Microbrachius dicki são comuns, mas durante anos a vida sexual do peixe passou despercebida pelos cientistas por décadas
Long revelou que sua descoberta ocorreu por acaso, enquanto observava alguns fósseis.
Ele percebeu que um dos espécimes do peixe tinha um apêndice em forma de "L", diferentemente de outros fósseis, que continham uma espécie de abertura.
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"Esse apêndice era usado para transferir o sêmen para a fêmea", explica o pesquisador.
Por conta de sua anatomia, o Microbrachius precisava fazer uma estranha "dança" de acasalamento.
"O peixe precisava copular de lado, como numa espécie de dança, em que as barbatanas serviam para dar apoio enquanto o macho introduzia seu membro na fêmea", diz Long.
Curiosamente, essa forma de reprodução não durou. Os pesquisadores acreditam que o Microbrachius voltou a utilizar a inseminação externa. A copulação só voltaria a ocorrer no mundo animal milhões de anos depois, em algumas espécies de tubarões e arraias.
Outra grande surpresa é o Microbrachius ter passado despercebido por tanto tempo pelos cientistas.
"Este peixe é bastante conhecido e seus fósseis são comuns. Não se trata também de um animal encontrado em alguma localização exótica. É incrível que não tenhamos percebido antes", afirma o biólogo Matt Friedman, da Universidade de Oxford.
Em 2009, outro estudo apontara um outro peixe, o Incisoscutum ritchiei, como o primeiro animal a tentar a reprodução pelo ato sexual, mas a criatura viveu pelo menos 20 milhões de anos depois do Microbrachius.