Exclusivo: em novo vídeo, índios isolados cantam e imitam pássaros
Tocantins 24h
Blog da Amazônia obteve com exclusividade um novo vídeo, gravado no final da tarde do dia 29 de junho de 2014, quando um povo indígena isolado estabeleceu o primeiro contato com indígenas da etnia ashaninka e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), na Aldeia Simpatia da Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no Estado do Acre, na região de fronteira do Brasil com o Peru.

Da Redação

Tão impactante quanto o primeiro, publicado na terça-feira (29) e que obteve mais de 900 mil visualizações em dois dias, este novo vídeo mostra a alegria e a coragem de três jovens índios que até então viviam em isolamanento. Após o primeiro contato, eles se ausentaram e depois reapareceram na praia do Rio Envira, causando alvoroço aos ashaninka e à equipe da Funai.

Preocupados com a possibilidade de que os isolados saqueassem mais uma vez as casas da Aldeia Simpatia, funcionários da Funai e os ashaninka chegaram a implorar, em vão, para que o trio indígena fosse embora.

Os índios isolados que estabeleceram contato pertencem a um subgrupo do tronco linguístico Pano. O primeiro contato foi dificultado pelo fato de que não conseguiram se comunicar com os ashaninka e com os servidores da Funai.

Vejam o vídeo:




A reportagem contou com a colaboração dos indígenas Júlio e Durines, ambos da etnia jamináwa, que traduziram o que os três isoladosdizem durante quase 20 minutos de vídeo.

Os isolados não gostaram quando se aproximaram e foram recebidos de modo ríspido por alguém da equipe que portava espingarda e estava empenhado em evitar novos saques. Um deles alertou:

- Se vocês nos maltratarem, nós vamos botar feitiço em vocês.

Os isolados pediram que os brancos da equipe se ausentassem, pois queriam ficar a sós com os indígenas ashaninka da Aldeia Simpatia.

A certa altura, quando alguém da equipe da Funai imita barulho de arma de fogo e tenta tranquilizá-los de que não vão usar espingardas contra eles, um isolado avisa que são acostumados a guerrear contra os brancos. E explica:

- Nós estamos aqui porque outros povos costumam matar a gente na floresta. É por isso que nós estamos aqui. Os outros não se dão bem com a gente. As pessoas falam bem de vocês. É por isso que nós estamos aqui. O meu pai está lá, mas eu estou aqui. Nós somos acostumados a brigar com outros povos. Vocês podem matar um de nós, mas vocês também vão morrer. Como é a vida lá? Como é a vida de vocês? Não estamos com raiva.

Os isolados sugerem a troca de arco e flecha por espingardas, dizem que as flechas dos ashaninka são mais bonitas do que as flechas deles, mas fazem questão de deixar claro que não estão em guerra:

- Eu sou homem e por isso estou aqui, para nos entendermos. Eu vim até aqui pra visitar o lugar de vocês.

O índio isolado mais jovem, aparentemente o mais destemido e brincalhão, entoa um canto. Ele não esconde o sorriso quando a canção diz:

- Nós estamos aqui e não estamos com medo de vocês. Não somos crianças pra ter medo de vocês. Vocês não são nossas mulheres pra gente ter medo de vocês.

O dia finda, a noite chega, e o ambiente se torna ainda mais pacífico quando os isolados começam a imitar com perfeição canto de pássaros da floresta.

Fonte: Blog da Amazônia

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