Foto: (Márcio Silva) |
Por Carlos Henrique Furtado/Da Redação
Acabo de ler o caso de Heberson Oliveira, 30, que foi preso acusado injustamente, mas só agora se sabe, susspeito de ter estuprado uma menina de nove anos. Todos sabemos o que acontece com quem estupra. Ao chegar na cadeia via a "mocinha" do presos. Para o culpado é um bom castigo, mas e e o suspeito for inocente? Esse foi o caso de Heberson.
Oliveira foi trancafiado na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), em Manaus. Sem nenhuma prova material ou testemunhal que o incriminasse, foi indiciado. Só dois anos e sete meses depois de ter sido preso é que Heberson foi julgado e, finalmente, considerado inocente. Mas aí já era tarde. Heberson foi estuprado pelos “xerifes” da cadeia e contraiu o vírus da AIDS.
- Eu fui violentado lá dentro. Na hora do desespero, não vi quantos eram. Só queria que aquele sofrimento acabasse. Agora, essa doença vai me acompanhar pelo resto da vida. Eu estou condenado à morte. A Justiça roubou minha vida - desabafa tentando disfarçar o constrangimento evidente no queixo tremido.
E agora? Como a sociedade , e a Justiça, podem restituir a vida desse cidadão? Não pode.
Hoje Heberson vive perambulando pelas ruas, entregue às drogas, em constante depressão, enfim, um farrapo humano jogado na latrina social, expurgado pela própria sociedade.
Heberson, que tinha o corpo firme e o rosto limpo antes da prisão, agora parece uma sombra. Emagreceu pela doença e pelo vício. A barba cresce e o cabelo encaracolado escapa pelas laterais de um boné esfarrapado. Dorme sob marquises, em terrenos baldios ou construções abandonadas na periferia de Manaus.
Fonte: F.Crítica.com