Nadia Murad de ex-escrava sexual do Estado Islâmico a ativista contra violência sexual
Tocantins 24h

Foi anunciado hoje os ganhadores do  Nobel da Paz, a ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico, Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018 por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado.




Da Redação/Tocantins 24h


O médico Denis Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida adulta ajudando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e lutando por seus direitos. Ele e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques, desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves.

Financiado pela Unicef e outros doadores, Mukwege montou um hospital com 350 leitos, uma unidade de atendimento móvel e um sistema para oferecer microcrédito para as vítimas reconstruírem sua vida.


Um pouco da história da chocante história de Nadia Murad

Nadia vivia com a família na aldeia de Kocho, uma pequena comunidade de agricultores e pastores no norte do Iraque. Em 2014, quando o grupo terrorista invadiu sua terra natal, ela e milhares de outras mulheres e meninas da minoria Yazidi foram raptadas. Na ocasião, os invasores mataram seis de seus oito irmãos. Seus corpos foram jogados em valas comuns.

– Eu cuspi em um membro do EI e ele ficou com tanta raiva – disse Nadia em um evento em Londres, em novembro do ano passado.  – Eu não estava com medo porque não havia nada a perder. Eles nos forçaram a deixar nossa família e nossa casa, e isso é muito difícil para nós. Muitas mulheres gostariam que tivessem morrido antes que isso acontecesse com elas.

As mulheres e crianças sobreviventes foram transferidas para uma escola, onde foram divididas em dois grupos: as que seriam úteis como escravas sexuais e as que tinham que ser mortas – o que incluía a mãe de Nadia.

– No ônibus, eles nos disseram que seríamos escravas sexuais. Isso não é fácil de esquecer – afirmou.

As que sobreviveram foram vendidas e passadas de mão em mão por homens que as estupraram coletivamente. Foram vítimas do que o EI chama de “jihad sexual”.

Nadia foi reivindicada por um juiz do alto escalão do EI chamado Hajji Salma. Ele a transformou em sua quarta escrava sexual. Ela foi estuprada e espancada todos os dias em que esteve no cativeiro.

A fuga de Nadia
Quando tentou fugir, depois de alguns dias, Nadia foi pega, rastejando pela janela. Como punição, foi chicoteada e estuprada por seis dos guardas de Hajji Salman.

Sob as regras do EI, disse Nadia, uma mulher se converte em espólio de guerra caso seja capturada tentando escapar. Colocam-na em uma cela onde foi estuprada por todos os homens do complexo.

"Fui estuprada em grupo. Chamam isso de jihad sexual."

Ela conseguiu escapar três meses depois, quando a casa ficou destrancada, enquanto o juiz estava fora. Nadia foi resgatada por uma família muçulmana vizinha do local.

Mas essa não era uma prática comum. Nadia teve sorte. A família não apoiava o EI.

– Famílias no Iraque e na Síria levaram vidas normais enquanto éramos torturadas e estupradas. As pessoas nos deixaram gritar no mercado de escravos e não faziam nada.

Diferentemente da maioria das mulheres que conseguem fugir do EI, e que preferem esconder suas identidades, Nadia insistiu em se mostrar. Desde então, a ativista viaja o mundo contando sua história.

Nessas andanças, ela ajudou a convencer o Departamento de Estado dos Estados Unidos a reconhecer o genocídio de seu povo nas mãos do grupo terrorista islâmico.



A maior parte das famílias que ajudaram raparigas yazidis a escapar fizeram‑no para receber as recompensas pagas pelas famílias dessas raparigas, que chegavam a ser de 10 mil dólares por cada uma. Não ajudaram desinteressadamente.



É muito mais difícil, porque as crianças foram submetidas a lavagens ao cérebro. Ainda hoje há muitas em Mossul, a viver com as famílias que as compraram há três anos. Esses meninos não sabem quem são os seus verdadeiros pais, e também não apareceu ninguém, em Mossul ou outras zonas que estiveram sob o controlo do EI, a dizer que essas crianças não lhe pertencem e que deveriam ser devolvidas às famílias de origem. De vez em quando recebo informações sobre famílias em Mossul que têm crianças que não são delas.







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