Protestos e fuso horário estão entre temas da Copa que podem cair no vestibular
Tocantins 24h

A Copa do Mundo de 2014 chega a reta final, mas os temas ligados ao campeonato realizado no Brasil devem ir além do domingo (13). A avaliação é de professores de cursinhos que apostam que o mundial deve ser abordado nos vestibulares no fim do ano. Além de questões históricas, como o uso político da vitória na Copa de 1970, comparação com a Copa de 1950 e os protestos; podem cair temas de geografia como fuso horário, as diferenças climáticas brasileiras, o fluxo de pessoas e as epidemias e há ainda a possibilidade do tema ser abordado na redação.



O professor de História no Cursinho da Poli, Fernando Rodrigues, fez uma pesquisa nos vestibulares de universidades públicas e das principais instituições privadas de todo o país. No últimos 20 anos, segundo ele, foram 26 questões relacionadas a Copa, sendo que 13 se referiam ao uso político da vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970. Já o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), segundo a pesquisa, nunca abordou a Copa do Mundo.

Ele ressalta ainda que a Copa da África do Sul, em 2010, foi utilizada para falar sobre apartheid em questões da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Já em 2006, com a Copa na Alemanha, uma questão abordava a divisão das duas Alemanhas e a guerra fria. “Geralmente, não há pergunta específica sobre Copa, mas ela é utilizada como mote para perguntar sobre temas ligados ao país aprendidos no Ensino Médio”, ressalta.  

Neste ano, Rodrigues aposta que os vestibulares vão trazer questões sobre os protestos anti Copa ligados a outras manifestações como os caras pintadas na década de 90 e o movimento “Diretas Já”, na década de 80. Além dos protestos, ele também acredita que o possível uso político da Copa pelo governo ou oposição também pode ser explorado. 

Para a professora de Redação do colégio e cursinho Objetivo, Maria Aparecida Custódio, as universidades podem pedir dissertações sobre a “alienação” do brasileiro com o esporte. “Outra discussão é o fato de sermos apaixonados por futebol e o esporte em si ser tão pouco valorizado. Só 50% das escolas públicas tem quadra de esporte”, ressalta. Maria Aparecida também aposta que as universidades podem provocar os vestibulandos a escreverem sobre o saldo da copa ou sobre o patriotismo durante o evento. “Outro tema que pode surgir é a síndrome vira-lata surgida após a derrota da Copa de 1950 e reafirmada agora”, diz.

Ela não acredita, no entanto, que o tema será usado na redação do Enem. “O exame não traz 'temas políticos' que possibilite que os candidatos critiquem o governo. Geralmente, traz questões de cidadania”, cita. Já a Fuvest, segundo ela, não deve abordar a Copa, já que define o tema no começo do ano e não costuma trazer questões da atualidade. “São sempre questões atemporais”, lembra.

Para o professor de geografia no Cursinho da Poli, Billy Malachias, a Copa deve ser abordada com questões ambientais ligadas a biológicas. “Com o tamanho do território brasileiro, há diferentes zonas climáticas, isso se manifestou no comportamento dos atletas, com grande esforço físico, por conta da umidade e calor. Isso foi mais difícil para seleções europeias”, ressalta. Outro tema relacionado a Copa é o fluxo de pessoas e também as epidemias. “Há ainda as novas configurações dos países decorrentes da queda do muro de Berlim e a organização de novas identidades nacionais, como a Croácia”, diz.

Ele também acredita que pode haver uma comparação entre o Brasil da década de 1950 e o de hoje. “Há 64 anos começava a urbanização e o país entrava na fase industrial, com crescimento econômico e os países europeus não podiam realizar a Copa por que estavam em crise após o fim da Segunda Guerra. Mas após expectativas, o Brasil perdeu a Copa. São momentos parecidos de uma certa forma”, considera. Outro assunto de Geografia que pode ser abordado a partir do torneio é o fuso horário. “Sempre implica em organização do horário mundial, já que os principais centros de consumo precisam ser avaliados e os horários dos jogos seguem essa lógica”, afirma. 

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