Foto: Aldemar Ribeiro/ ATN |
Por Josélia de Lima / Ascom Seduc
A festa começou na última segunda-feira, 19, com o desfile das agremiações formadas pelas aldeias para apresentar seus atletas e guerreiros. Houve o acendimento de uma fogueira, simbolizando o início das atividades esportivas.
Foto: Aldemar Ribeiro/ ATN |
Comunidade indígena
Odílio Krahô é cacique da Aldeia Cachoeirinha e enfatizou a beleza do momento e a satisfação de presenciar os Krahô de todas as idades envolvidos na preservação da cultura. Souza Krahô, cacique da Aldeia Pé de Coco, também localizada em Goiatins, falou sobre a importância do encontro. “É uma forma das pessoas se movimentarem, trocar experiências e conhecimentos, por isso é importante a realização dos jogos”, disse.
Euzébio krahô está feliz em representar a Aldeia Água Branca nas competições de arco e flecha. “Passei 16 anos sem praticar o esporte, agora senti motivação e quero apresentar bonito para o meu povo ter orgulho”, frisou.
Marcos Krahô, cacique da Aldeia Água Branca, conta que levou dez pessoas de sua comunidade para participar dos Jogos como forma de mostrar o seu apoio à realização do encontro esportivo e cultural. “É importante participar, estar unidos, juntos nas apresentações culturais e na troca de conhecimentos. Sempre aprendemos mais para passar para o nosso povo. É uma responsabilidade grande ser cacique, por isso temos que estar em ação”.
Função social
“Os eventos estão sendo realizados com a intenção de manter viva as nossas tradições e também como forma de auxiliar os jovens que estão enveredando pelo caminho do alcoolismo, apresentando a eles o esporte e a cultura”, disse o idealizador dos Jogos e do Encontro, o professor e diretor da Escola Estadual Indígena 19 de Abril, Renato Yarré Krahô.
Na programação, além de compartilhar as manifestações culturais com os membros das aldeias visitantes e das competições esportivas, há palestras sobre os perigos do alcoolismo para a saúde e para a preservação da vida, realizadas por profissionais do Centro de Referência e Assistência Social (CRAs) de Itacajá.
Conhecimento intercultural
A busca do conhecimento científico e didático para aplicar na aldeia foi o caminho percorrido por Yarré Krahô e o seu pai, o cacique da aldeia Manoel Alves Pequeno, Dodamin Krahô. Juntos eles cursaram a graduação em Licenciatura Intercultural promovida pela Universidade Federal de Goiás (UFG) para os indígenas residentes no eixo Tocantins e Araguaia, contemplando os povos dos estados do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Maranhão.
No Tocantins, os povos Krahô têm uma população estimada em três mil pessoas distribuídas em 28 aldeias. Esses indígenas são conhecidos pela realização anual da Feira de Sementes, que nasceu a partir da tradição entre eles de guardar mostras de sementes encontradas ao longo das atividades de trabalho. Os Krahô vivem em um território de 320 mil hectares de cerrado.
Tradição
O urucum e o jenipapo são utilizados para a pintura corporal, mas a tradição mais celebrada é o canto que os anciãos fazem quando querem chamar a atenção dos demais para alguma situação, para fazer algum tipo de convite ou para expressar sentimentos.
A corrida de tora é a riqueza cultural e esportiva mais presente entre os Krahô e representa a força e o vigor das mulheres e homens. “Estamos trabalhando para vivermos em harmonia com todos os povos, porque tirando as diferenças de línguas, somos iguais e temos as mesmas necessidades. Por isso, todos nós devemos respeitar a cultura dos outros e trabalhar para o desenvolvimento da nação”, finalizou Dodamin Krahô.