Por Carlos Henrique Furtado
E no decorrer do programa foi discorrendo sobre ações que poderiam ser realizadas com a crianças em seus ambientes naturais. Um que me chamou a atenção, entre tantas, foi a ação que iniciou para alfabetizar crianças com até 7 anos.
Ele disse que chegou em uma casa simples "recrutando" pessoas para o projeto. Ao entrar na casa encontrou uma senhora fazendo biscoitos, perguntou como fazia, e a senhora explicou, ao término questionou se ela poderia alfabetizar o pequenos. Conversa vai conversa vem definiram que o processo seria da seguinte forma: meninos e meninas iriam aprender a fazer os tais bolinhos, e teriam, cada um, que escrever o próprio nome com a massa.
E assim começaram muitos a aprender as letras. Até que um dia voltou à casa e encontrou um garoto sentado em um canto, zangado. Tião perguntou o porque, e o menino explicou: "é que o nome dele é Washington e o meu é José, ele come mais do que eu". Tião rapidamente resolveu a questão, virou-se para o José e disse: "Escreve teu nome e sobrenome, assim fica grande também". O menino alegre, levantou-se e correu para aprender a escrever seu sobrenome e assim, comer mais biscoito que o amigo.
Tião Rocha cansado da ensinagem, se transformou de professor em educador. Criou a pedagogia do saber popular que extrapola a sala de aula e cria escola sob pé de manga. Em uma entrevista fez a seguinte pergunta: "Será que é possível fazer educação sem escola?" O desafio impulsionou o nascimento de uma escola debaixo de um pé de manga. "Escola" que prescindia de mesa ou cadeira, lousa ou giz. Mas tinha roda, início do processo de aprendizagem, mãe ou tio inseridos nas atividades, criança zanzando por todo o bairro, transformado em sala de aula.
Ganhou o prêmio Empreendedor Social 2007
Entre outros projetos do CPCD- Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento está a Educação pelo Brinquedo. Rocha afirmou que nunca comprou um brinquedo em sua vida. Aprendeu a fazer. E a partir daí desenvolveu esse projeto, baseado nas situações rotineiras das crianças.
Educação pelo brinquedo
Estudar brincando, plantar e comer, conversar e aprender, jogar e cantar, criar e ensinar, pintar e limpar, fazer e reciclar, dançar e sonhar, ser e ousar, respeitar e crer, rir e cuidar-se, são alguns dos muitos verbos praticados no dia-a-dia deste projeto por centenas de meninos e meninas, em horários complementares à escola formal e em espaços comunitários repletos de alegria, prazer e generosidade.
Buscando cuidar dessa fase importante da vida, este projeto implementa ações educativas e de formação humana, provocando uma interferência positiva e modificadora na vida das crianças e adolescentes participantes.
As premissas do SER CRIANÇA estão fundadas sobretudo no diálogo, que inclui pais, alunos e comunidade. O foco principal e o que faz o seu diferencial é sua filosofia de inserção integral na vida da criança:
Todas as situações vividas pelas crianças, das mais rotineiras às mais ocasionais, são encaradas como “conteúdos educacionais” significativos.
Todos os espaços comunitários ocupados pelos participantes são convertidos em “espaços de aprendizagem” e todas as escolas em “centros de cultura comunitária”.
Todas as pessoas participantes da vida das crianças são consideradas educadoras, independentemente de idade ou função, sejam eles pais, outros alunos, além dos professores.
A regra geral na aplicação dessa filosofia é o respeito às diferenças e singularidades individuais: cada ritmo, cada fazer, cada saber. O projeto, mais do que uma iniciativa social, tornou-se uma tecnologia educacional ao ser implantado através da Lei Municipal de Educação em municípios como São Francisco e Araçuaí/MG, multiplicando seu alcance.
Nossos Objetivos
Através de atividades complementares à escola, promover ações afirmativas no cotidiano de crianças de 7 a 14 anos, atuando contra o fracasso escolar e pessoal.
Por meio da implementação de cada atividade, proporcionar aos alunos o senso de responsabilidade consigo próprios, com os colegas e com os diversos ambientes em que transitam em seu cotidiano.
Auxiliar crianças e adolescentes, em sua vida cotidiana, dentro e fora do contexto escolar, na busca de experiências produtivas, da apropriação dos elementos de seu mundo no próprio crescimento pessoal.
Desenvolver atividades que valorizem e aprimorem os saberes populares específicos de cada comunidade.
Promover amplo diagnóstico que permita uma intervenção positiva dos educadores e das próprias atividades do projeto na vida das crianças por meio de ações integradas e de mão-dupla entre o projeto e a família, entre o projeto e a escola, e entre o projeto e a comunidade, numa cadeia de ações afirmativas.
Conheçam o CPC- http://www.cpcd.org.br/